quarta-feira, 30 de maio de 2012

Património Geológico Português

Notícia da Universidade do Minho - Portugal já tem primeiro inventário geológico

A inventariação localizou 326 sítios de grande interesse geológico 

Texto de Pedro Costa (17-02-2012)
Fotografias dos locais mencionados retiradas da Internet

Granito de Lavadores

O projeto de inventariação geológica, tido como de importância científica e estratégica fundamental, decorreu entre os anos 2007 e 2010. O trabalho foi coordenador por José Brilha, professor do Departamento de Ciências da Terra da UMinho, e envolveu diversas universidades e associações científicas portuguesas. “Havendo já um levantamento feito ao nível da fauna e da flora, era fundamental classificar locais de valor abiótico, com interesse científico”, explica o investigador, considerando que era imperioso complementar este inventário, “no sentido de ser gerido e preservado pelas autoridades nacionais que tratam da conservação da natureza, podendo fazê-lo através deste inventário sistemático”.

Fojo das Pombas

A inventariação localizou 326 sítios classificados de grande importância patrimonial, que na opinião especializada dos colaboradores do projeto devem ser preservados, pois possuem um interesse científico fundamental para o conhecimento geológico do país. Alguns destes geossítios apresentam risco de destruição devido à ausência de políticas adequadas de gestão. A lista geral inclui, por exemplo, o granito de Lavadores (Gaia), o fojo das Pompas (Valongo), os blocos erráticos de Valdevez (Gerês) e as minas da Borralha (Montalegre). Relativamente aos resultados do território português, José Brilha considera que “Portugal possui uma elevada geodiversidade, pelo que não pode ser afirmado que existem locais mais ricos do que outros”. No entanto, salienta que “as zonas da costa, pela facilidade de acessibilidade e exposição, têm uma maior concentração de sítios de interesse geológico”.

Blocos erráticos de Valdevez

O levantamento teve em conta não só o valor científico dos locais identificados, mas também a vulnerabilidade deste património. Quanto ao valor científico, foram avaliados fatores como representatividade, carácter de local-tipo, conhecimento científico, integridade, diversidade e raridade. No que diz respeito aos critérios da vulnerabilidade, foram tidos em conta os fatores de conteúdos, proximidade a zonas potencialmente degradadoras, regime de proteção, acessibilidade e densidade populacional. Atualmente, este é o mais completo inventário do património geológico português, tendo contado com o contributo de dezenas de especialistas das diversas instituições envolvidas. No entanto, os seus autores revelam que é um inventário em aberto, sempre sujeito à entrada de novas categorias e geossítios de acordo com o progresso do conhecimento científico geológico.

Minas da Borralha


José Brilha enfatiza que “há locais que não devem ser destruídos, pois são importantes testemunhos científicos do passado da Terra”. É adquirido pela comunidade científica que o património geológico transmite marcas importantes dos acontecimentos-chave que marcaram a longa história do planeta, nomeadamente do território português.

José Brilha, investigador do departamento de Ciências da Terra da UMinho
e coordenador do projeto de inventário que decorreu entre 2007 e 2010.
"Património geológico revela história do planeta"

O estudo concluído deverá agora conhecer uma fase de “validação junto do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, conseguindo que este organismo passe a gerir também este património natural”. Paralelamente, é objetivo dos investigadores “cruzar informação com os colegas espanhóis, que realizaram em Espanha um estudo semelhante, para, em conjunto, definir um inventário à escala Ibérica”. Numa fase posterior, a meta é articular nomeadamente com a França e Itália, inventariando o sul da Europa, visando a médio prazo classificar geologicamente a Europa.

A definição das categorias temáticas catalogadas no inventário do património geológico corresponde à prática já em curso em muitos países. Por isso, a metodologia está também uniformizada com os outros países europeus, estando estabelecidas as bases de trabalho para desenvolver um trabalho ao nível internacional. José Brilha salienta a importância deste fator, “pois em Portugal tínhamos um ligeiro atraso neste campo, pelo que agora estamos em condições de comparar o nosso património geológico com o dos outros países”. A partir de agora, Portugal tem os instrumentos necessários para implementar uma política de geoconservação, com base neste conjunto de geossítios que correspondem às ocorrências da geodiversidade com valor científico.

Referências:

Costa, P. 2012, Reportagem - Portugal já tem primeiro inventário geológico. GCII - Universidade do Minho [consultado em 30 de maio de 2012 no endereço: http://www.uminho.pt/Newsletters/HTMLExt/31/website/conteudo_561.html]

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